Na sua infância, durante um dos passeios que fazia com seu pai, Agnes lhe perguntara se ele acreditava em Deus. Ele respondeu:

-"Acredito no computador do Criador". A resposta era tão estranha que a criança a guardara. Computador não era a única palavra estranha, Criador também era. Pois o pai não fala nunca de Deus, mas sempre do Criador como se quizesse limitar a importância de Deus unicamente à sua performance como engenheiro. O computador do Criador: mas como um homem poderia comunicar-se com um aparelho? Ela então perguntou ao pai se ele costumava rezar. Ele disse:

-"Tanto quanto costumo rezar para Thomas Edison quando uma lâmpada queima."

[M. Kundera]